Capítulo 1 – O Match que Mudou o Fim de Semana
Marina tinha jurado a si mesma que não abriria mais o Tinder naquela semana. O aplicativo já parecia um catálogo infinito de conversas que morriam antes mesmo de nascer. Mas, numa noite chuvosa, o tédio venceu e ela se pegou rolando o feed sem expectativa alguma.
Foi então que um sorriso iluminou a tela: Laura. A foto mostrava uma jovem de cabelos castanhos claros, pele dourada de sol e um brilho no olhar que saltava do celular. O texto no perfil era curto, mas certeiro:
> “Apaixonada por praia, feijoada e histórias que rendem gargalhadas. Procuro companhia para aventuras que terminem em boas lembranças.”
Marina não conseguiu evitar o riso. Havia algo espontâneo naquela frase. Sem pensar muito, deslizou para a direita — e o aplicativo vibrou com o aviso: É um Match!
Começaram com mensagens tímidas, mas logo estavam trocando áudios engraçados, playlists de música brasileira e até dicas de livros. Descobriram que as duas adoravam ver o pôr do sol, tinham um fraco por caipirinha bem feita e sabiam perder horas discutindo qual era a melhor versão de uma mesma receita.
Dias depois, Laura lançou a proposta que mudaria o fim de semana de Marina:
> “A gente tá organizando um encontro em Porto de Galinhas. Alugamos uma casa com piscina, churrasqueira, música… e só mulheres incríveis. Quer vir?”
Marina leu a mensagem mais de uma vez. Porto de Galinhas sempre fora um dos seus lugares favoritos, mas viajar para conhecer alguém que nunca tinha visto pessoalmente? Ela hesitou. Pensou no trabalho, nas desculpas que poderia inventar para não sair da zona de conforto.
Mas algo em Laura — talvez a leveza com que falava, talvez o jeito despretensioso — fez Marina sentir vontade de arriscar. Respondeu com um emoji de sorriso e um “Topo!”.
Na sexta-feira à tarde, Marina arrumou a mochila: biquíni, protetor solar, vestido leve, um livro que nunca terminava de ler. Enquanto dirigia rumo ao litoral, o céu ganhava tons de laranja e rosa, e ela sentia um frio bom no estômago.
Quando chegou à casa, ficou sem palavras. Era um refúgio cercado de coqueiros, com uma varanda cheia de redes coloridas e uma piscina que refletia o último brilho do dia.
Laura apareceu na porta segurando um copo de caipirinha. Vestia um short jeans e uma blusa leve, o cabelo preso de um jeito despreocupado que só realçava o charme. Sorriu largo, caminhou até Marina e a abraçou como se já se conhecessem há tempos.
— Você veio mesmo! — disse, com uma alegria genuína.
Marina respondeu com um sorriso que misturava timidez e curiosidade. Enquanto Laura a guiava pela casa, apresentando as outras meninas, Marina percebeu que aquela poderia ser a viagem mais inesperada — e talvez a mais divertida — da sua vida.
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Capítulo 2 – A Casa, a Praia e o Cheiro de Feijão
A primeira noite na casa de Porto de Galinhas parecia saída de um cartão-postal. As luzes da varanda iluminavam a piscina, que refletia o céu em tons azulados. A brisa trazia o cheiro do mar misturado com o aroma de alho dourando na panela.
Assim que Marina colocou os pés no quintal, foi recebida por um coro de “bem-vinda!” vindo das meninas reunidas perto da churrasqueira. Eram risos fáceis, abraços espontâneos, perguntas curiosas sobre a viagem. Cada uma tinha um jeito único: havia quem contasse piadas, quem cuidasse da música, quem ajeitasse as almofadas na área externa.
Laura, sempre com um olhar cúmplice, apresentou Marina a todas:
— Gente, essa é a Marina, a mais corajosa da turma! Topou vir sem conhecer ninguém.
Aos poucos, Marina foi se soltando. Pegou um copo de caipirinha bem gelada, provou um espetinho suculento, riu de histórias de encontros desastrosos contadas pelas novas amigas. A conversa ia de astrologia a séries policiais, sempre acompanhada pelo som do pagode que saía da caixa de som portátil.
Mais tarde, o grupo resolveu caminhar até a praia, que ficava a poucos passos dali. A lua iluminava a areia branca, e o barulho das ondas completava a cena. Laura caminhou ao lado de Marina, os pés descalços tocando a água morna. Falaram sobre viagens, sobre medos bobos, sobre como encontros inesperados podiam mudar o rumo de uma semana inteira.
De volta à casa, já perto da meia-noite, todos se reuniram em volta da mesa para atacar a feijoada e um churrasco que ainda crepitava na grelha. Entre um gole e outro de chope artesanal, surgiam novos planos: banho de piscina à luz da lua, campeonato improvisado de sinuca, fotos engraçadas para as redes sociais.
Marina observava tudo sentindo um friozinho na barriga. Aquele ambiente acolhedor, as risadas ecoando pela casa, a sensação de que ali ninguém precisava provar nada para ninguém… tudo isso era um convite para relaxar e apenas viver o momento.
E, entre todos aqueles rostos, os olhos de Laura pareciam sempre encontrá-la. Era como se dissessem silenciosamente: “A noite ainda está só começando.”
Capítulo 3 – Brisa, Risadas e Paquera
O sábado amanheceu preguiçoso, com um sol que parecia acariciar a pele em vez de queimar. O cheiro de café fresco misturado ao sal do mar invadia todos os cômodos da casa. Marina acordou com o som de vozes femininas vindo da cozinha — risos altos, panelas batendo, alguém desafinando ao cantar um clássico do axé.
Ao descer as escadas, encontrou Laura preparando uma jarra de suco de laranja. O cabelo dela estava preso de um jeito despretensioso, alguns fios escapando e balançando com a brisa.
— Bom dia, dorminhoca! — Laura sorriu, entregando-lhe um copo. — Dormiu bem?
Marina assentiu, tentando disfarçar o frio na barriga que aquele simples sorriso lhe causava.
Depois do café reforçado — tapioca, frutas, pão quentinho — o grupo decidiu estender cangas na areia e aproveitar o sol. A praia estava quase deserta, com água morna e ondas suaves. Algumas meninas improvisaram um jogo de frescobol, enquanto outras relaxavam em boias coloridas.
Laura convidou Marina para um passeio à beira-mar. Caminharam devagar, conversando sobre pequenas coisas: livros favoritos, viagens dos sonhos, histórias engraçadas de infância. De vez em quando, o silêncio se instalava, mas era confortável, cheio de olhares e sorrisos que falavam mais que palavras.
Voltaram para a casa na hora do almoço, quando o cheiro de churrasco já dominava o quintal. O resto do grupo se dividia entre cortar saladas, preparar molhos e ajustar a playlist — que agora tocava clássicos do samba.
Marina e Laura se sentaram lado a lado perto da piscina, os pés mergulhados na água fresca. Brindaram com caipirinhas caprichadas, rindo de desafios engraçados. Entre respingos e brincadeiras, Marina percebeu que Laura a observava com atenção. Era um olhar cheio de curiosidade, quase um convite silencioso. Marina respondeu com um sorriso tímido.
Quando o sol começou a se despedir, tingindo o céu de laranja e violeta, o grupo resolveu dar um mergulho na piscina. Entre risos e olhares cúmplices, o clima entre Marina e Laura crescia — mas ainda leve, divertido e cheio de expectativa.
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Capítulo 4 – O Quarto e o Grande Imprevisto
A noite caiu tranquila. Marina e Laura aproveitaram a distração das amigas e foram para um dos quartos, buscando privacidade. O clima estava silencioso, com a luz da lua entrando pela janela, e tudo parecia perfeito para um momento de aproximação.
Sentadas próximas, trocando olhares cúmplices, começaram a rir baixinho, e o clima entre elas cresceu. Mas, de repente, Marina sentiu algo inesperado — um vestígio da feijoada do almoço havia reaparecido de forma totalmente inusitada. Ela passou mal, começou a vomitar e ficou chateada com o constrangimento.
Laura, percebendo a situação, ficou sem graça:
— Ai… eu esqueci de tomar banho — disse, tentando aliviar o clima, mas só aumentando a vergonha.
O quarto, que deveria ser palco de romance, virou uma cena de comédia improvisada. Marina se afastou, enjoada e constrangida, enquanto Laura tentava ajudá-la entre risadas nervosas e pedidos de desculpas.
Apesar do incidente, ambas riram da situação depois, percebendo que aquela noite se tornaria uma história memorável — só não exatamente pelo lado romântico que Marina esperava.
Capítulo 5 – A Moral do Primeiro Encontro
O domingo amanheceu quente e ensolarado. Marina desceu as escadas ainda sentindo o desconforto da noite anterior. O cheiro de café e pão fresco chegava da cozinha, mas nada parecia apagar o episódio constrangedor do quarto.
Laura tentou aliviar a tensão com piadas, mas Marina estava firme em sua decisão:
— Sabe de uma coisa? Acho melhor eu sair daqui rapidinho… — disse, suspirando.
A lição estava clara: nunca mais, no primeiro encontro, ela toparia se aproximar sem ter certeza de que a parceira estava minimamente preparada. Um banho, ao menos, parecia requisito essencial para qualquer clima mais íntimo.
Laura ficou sem graça, mas ambas riram do constrangimento, transformando o episódio na famosa “aventura gastronômica de Porto de Galinhas”. Marina aprendeu sua moral da história:
> “No primeiro encontro, garanta que sua parceira tomou banho… ou corre o risco de ganhar um brinde surpresa inesperado!”
E assim, entre risadas, aprendizado e planos para novos encontros, o fim de semana terminou. Uma história para contar, uma memória hilária e a certeza de que algumas lições só se aprendem do jeito mais inesperado — e constrangedor — possível.





