“A Maldição da Praia das Marias-Farinhas”
“Na costa esquecida do litoral pernambucano, existe uma praia que quase ninguém ousa visitar depois do pôr do sol. Os pescadores a chamam de Praia das Marias-Farinhas. Dizem que, quando a lua cheia se ergue sobre a água, milhares desses caranguejos saem da areia… mas entre eles há algo diferente, algo que não pertence a este mundo.”
“Certa noite, um grupo de amigos resolveu acampar por lá, mesmo com os avisos dos moradores. Entre eles estava Clara, uma jovem curiosa por histórias sobrenaturais. Eles montaram barracas, acenderam uma fogueira e começaram a rir, ignorando o silêncio pesado que caía ao redor.”
“À meia-noite, Clara percebeu que a areia parecia se mover sozinha. Pequenas Marias-Farinhas surgiam aos montes, mas havia uma maior, com olhos que brilhavam num tom avermelhado. Ela ficou parada, olhando direto para Clara. O coração da jovem acelerou.”
“De repente, o vento soprou frio, apagando a fogueira. As ondas se recolheram, deixando a praia num silêncio absoluto. Então, ouviu-se um estalo… como se algo enorme estivesse se arrastando por baixo da areia. Uma voz rouca sussurrou o nome dela: Clara…”
“Antes que pudesse reagir, a areia se abriu e uma criatura colossal emergiu: metade mulher, metade caranguejo, com pinças afiadas e conchas presas aos cabelos. Era a lenda viva: a Rainha das Marias-Farinhas, guardiã de um antigo tesouro afundado no mar. Ela exigia um sacrifício para proteger suas crias.”
“Os amigos fugiram em pânico, mas Clara ficou paralisada pelo olhar hipnótico da criatura. Dizem que ela foi arrastada para baixo da areia, desaparecendo para sempre. Na manhã seguinte, só encontraram marcas profundas de pinças na beira da barraca… e um colar feito de conchas, ainda molhado.”
“Até hoje, os moradores juram que, quando a lua cheia ilumina a Praia das Marias-Farinhas, é possível ouvir um sussurro vindo das dunas, chamando o nome de quem ousa chegar perto. Então, se você for caminhar por essas bandas à noite, cuidado com o que pode estar escondido sob a areia.”
