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Entre testes e destino

Capítulo 1 – O Encontro no CTA

Patrícia estava nervosa quando pegou o celular e chamou Manuela:

— Vem comigo no CTA, Manu. Acho melhor a gente fazer um teste… depois do que aconteceu… — disse, a voz quase tremendo.

Manuela entendeu na hora. Patrícia tinha tido uma relação sem proteção e agora estava desconfiada de alguma coisa. Ela hesitou por um momento, mas acabou aceitando. Aproveitaria a visita para fazer o teste também.

Quando chegaram à frente do prédio do CTA, Manuela parou, sem acreditar. Diante delas, estava Regina.

Regina tinha aquela presença que não se podia ignorar: pele morena radiante, cabelo volumoso que caía com naturalidade sobre os ombros, sorriso leve e olhar firme, mas doce. Parecia saída de uma capa de revista, e algo na postura dela lembrava mulheres que dançam com o corpo e com a alma, como aquelas que fazem a cidade inteira sorrir só com um balanço de quadril.

Manuela sentiu o coração disparar. Seus olhos se encontraram por um instante, e ela desviou rapidamente, com o rosto queimando de vergonha. Mas Regina sorriu. Um sorriso breve, mas direto, como se dissesse: “Eu vi você.”

Patrícia entrou primeiro, indo para a sala de atendimento especial, enquanto Manuela ficou ali, parada, ainda absorvendo a presença de Regina. Ela respirou fundo e decidiu seguir sua amiga.

Quando Manuela entrou na sala, Regina já estava lá, recebendo os pacientes com aquele jeito calmo e acolhedor. O encontro de olhares se repetiu, mas agora Manuela sentiu algo diferente: não era só admiração. Era curiosidade, fascínio, algo que a puxava sem que pudesse controlar.

Regina conduziu Manuela pelas instruções do teste com profissionalismo, mas havia uma gentileza e atenção no olhar que fizeram Manuela se sentir única. Cada palavra, cada gesto, parecia carregado de uma suavidade que deixava Manuela inquieta.

Ao final do atendimento, quando Manuela estava prestes a sair, Regina se aproximou e, com um gesto delicado, passou um papel com o número dela:

Se precisar conversar… ou qualquer coisa, me chama.

Manuela pegou o papel, o coração acelerado, e sentiu que aquele simples gesto mudaria algo dentro dela. Ela saiu do CTA com a mente confusa e o peito cheio de expectativa.

Capítulo 2 – Mensagens na Madrugada

A noite caiu silenciosa sobre a cidade, mas Manuela não conseguia descansar. O papel com o número de Regina permanecia na sua mão como se fosse uma chama acesa. Cada vez que olhava, o coração batia mais rápido.

Após alguns minutos de hesitação, ela digitou:

> “Oi, aqui é a Manuela, do CTA. Espero que não se importe.”

Houve uma pausa, e o celular vibrou. A resposta apareceu quase imediatamente:

> “Oi, Manuela! Que bom você ter me escrito 😄. Fiquei feliz.”

O que começou como uma troca de mensagens simples rapidamente se transformou em conversa longa e envolvente. Falaram sobre música, sonhos, medos e experiências do dia a dia. Regina tinha uma forma de escrever que parecia atravessar a tela, tocando Manuela de uma maneira inesperada.

Cada emoji, cada palavra cuidadosamente escolhida, fazia o coração de Manuela bater mais rápido. Ela ria sozinha algumas vezes, e em outras, sentia um arrepio percorrer a espinha, algo que não conseguia explicar.

Quando olhou para o relógio, percebeu que já passava da meia-noite. Não tinha conseguido dormir. Mas, curiosamente, não sentia cansaço. Estava desperta com algo novo, intenso e doce — a sensação de que algo maior estava começando.

Antes que percebesse, Manuela estava sorrindo sozinha, imaginando o sorriso de Regina, aquele mesmo sorriso que a tinha deixado sem fôlego no CTA. E, pela primeira vez em muito tempo, sentiu que o destino poderia ser gentil com ela.

Capítulo 3 – O Café e o Primeiro Encontro

O dia amanheceu tímido, com o sol filtrando-se pelas frestas das cortinas, mas o coração de Manuela estava em completa agitação. Cada mensagem trocada com Regina nos últimos dias havia deixado uma marca em sua mente — uma mistura de ansiedade, desejo e uma curiosidade doce que não conseguia conter.

Quando Regina sugeriu se encontrarem para um café, Manuela quase não acreditou. Seria a chance de ver o sorriso de Regina ao vivo, de sentir a presença dela de perto, de perceber cada detalhe que as mensagens não conseguiam transmitir. Ela escolheu sua roupa com cuidado, tentando equilibrar elegância e conforto, mas mesmo assim sentiu a insegurança típica de quem se importa demais com a primeira impressão.

O café era pequeno, acolhedor, com o cheiro de pão fresco e café recém-passado. Ao entrar, Manuela parou por um instante, admirando o ambiente, mas logo seus olhos encontraram Regina, já sentada à mesa com o mesmo sorriso que a tinha hipnotizado no CTA.

O mundo pareceu desacelerar naquele momento. Regina levantou-se levemente, como se quisesse cumprimentá-la, e seus olhos encontraram os de Manuela. Houve uma pausa, um silêncio carregado de significado, onde nenhuma das duas precisava dizer nada. O olhar falava por si só.

— Manuela! — disse Regina, com a voz suave, mas cheia de vida. — Que bom te ver pessoalmente.

— Eu… eu também, Regina. — respondeu Manuela, sentindo o calor subir às bochechas.

Sentaram-se frente a frente, e o café começou a ser apenas um pano de fundo para algo muito maior: a conversa, os olhares, os gestos. Regina falava com uma leveza natural, com uma risada que parecia iluminar a mesa. Cada palavra dela deixava Manuela mais fascinada. Cada gesto, cada movimento do cabelo, cada sorriso… era impossível desviar o olhar.

Em certo momento, uma brisa entrou pela janela, levantando levemente os cabelos de Regina. Manuela sentiu uma vontade súbita de tocar aqueles fios, de sentir a textura com as próprias mãos, mas conteve-se, apenas observando com atenção e admiração silenciosa.

Regina percebeu o olhar prolongado e sorriu de forma quase enigmática.

— Gosto do seu olhar, sabia? — disse, baixinho, e a voz carregou uma suavidade que fez o coração de Manuela saltar.

Manuela desviou o olhar, rindo nervosamente, mas não conseguiu esconder o rubor.

— Eu… eu só estou prestando atenção — disse, tentando disfarçar.

Porém, naquele momento, palavras eram desnecessárias. O silêncio entre elas estava carregado de tensão e afeto, como se cada respiração aproximasse seus mundos. A conexão era palpável, quase elétrica.

Minutos se transformaram em horas. Falaram sobre tudo e sobre nada, riram de histórias antigas e confidenciaram pequenos medos. Manuela percebeu que sentia algo que não tinha sentido em muito tempo: a certeza de que Regina não era apenas fascinante por fora, mas por dentro. Cada gesto dela, cada palavra, cada olhar… tocava Manuela profundamente, fazendo-a querer se perder ali, naquele instante eterno.

Quando o café começou a esvaziar, Regina segurou a mão de Manuela por um breve momento. Um toque leve, mas suficiente para enviar uma onda de calor pelo corpo dela.

— Espero que a gente possa se ver de novo em breve — disse Regina, com sinceridade nos olhos.

Manuela sorriu, sentindo-se flutuar.

— Eu também… — respondeu, mas sabia que aquelas três palavras não eram suficientes para expressar o que sentia.

Ao se despedirem, Manuela saiu do café com o coração acelerado, a mente cheia de pensamentos sobre cada detalhe do encontro, cada sorriso, cada toque. Era um sentimento novo, intenso, doce e doloroso ao mesmo tempo, porque já sabia que a presença de Regina tinha mudado algo dentro dela para sempre.

E naquele dia, enquanto caminhava pela rua ensolarada, Manuela percebeu que algo havia começado ali — algo que talvez pudesse se transformar em amor, ou em algo ainda mais profundo, e ela estava

 disposta a descobrir cada instante.

Capítulo 4 – A Distância e a Saudade

Os dias que se seguiram ao encontro no café foram uma mistura de ansiedade e esperança para Manuela. Cada notificação no celular fazia seu coração disparar, esperando que fosse Regina. Mas, com o passar do tempo, as mensagens começaram a se tornar mais espaçadas.

Manuela tentava manter a rotina normal, mas tudo parecia lembrar Regina. O cheiro do café, as janelas abertas, o sol da tarde, até a música que tocava no ônibus. Cada detalhe a fazia reviver o sorriso de Regina, o toque suave da mão dela, o olhar que parecia enxergar diretamente a alma.

Ela sentia falta da presença da mulher que tinha mexido com seu mundo de um jeito que nunca acontecera antes. Mas havia também medo. Medo de se entregar completamente e descobrir que a distância poderia apagar aquilo que tinha nascido tão intenso.

Uma tarde, sentada na cama, Manuela recebeu uma mensagem inesperada:

> “Senti sua falta…”

O coração dela quase parou. Palavras simples, mas carregadas de significado. Lágrimas escorreram sem que ela pudesse controlar. Era uma mistura de alívio, saudade e felicidade pura.

Marcaram de se encontrar novamente, mas o destino parecia brincar com elas. Plantões, compromissos, desencontros… sempre algo surgia para impedir que se encontrassem. E cada fracasso em se ver aumentava o desejo e a angústia de Manuela.

Mesmo assim, ela não desistiu. O sentimento só crescia, transformando-se em algo mais profundo do que simples atração. Cada conversa, cada mensagem, cada lembrança de um gesto ou sorriso de Regina fazia Manuela perceber que estava se apaixonando.

Havia noites em que ela se pegava olhando para o número de Regina no celular, imaginando o que a outra estaria fazendo, se estaria pensando nela também, se sentia algo parecido. A saudade era dolorosa, mas doce — uma lembrança viva de que algo real estava ali, esperando para ser vivido.

E, no fundo, Manuela sabia que esse sentimento era diferente de tudo que já sentira. Não era só atração física, era conexão, intimidade, algo que tocava o coração e a alma ao mesmo tempo. Cada dia de distância só fortalecia aquilo que havia nascido naquele café, naquele encontro que mudara tudo.

A vida seguia, com seus compromissos e desafios, mas Manuela carregava consigo a certeza de que Regina era alguém especial. Alguém que tinha deixado uma marca indelével em seu coração, e que, de alguma forma, ainda iria se tornar parte da sua história.

Capítulo 5 – O Reencontro e o Destino

Meses se passaram desde aquele café que mudara tudo para Manuela. O dia parecia comum, com o sol filtrando-se entre os prédios da cidade, mas algo dentro dela estava inquieto. Havia uma sensação estranha, uma mistura de ansiedade e expectativa que não sabia explicar.

Ela caminhava distraída, quando uma voz familiar a fez parar:

— Manuela…

O coração dela disparou. Virou-se lentamente e encontrou Regina. O mesmo sorriso, o mesmo brilho nos olhos, a mesma presença que a tinha deixado sem fôlego desde o primeiro encontro.

Por alguns segundos, o mundo parecia ter parado. Nenhuma palavra era necessária. O silêncio falava por elas, carregado de tudo o que haviam sentido e vivido à distância. Cada mensagem trocada, cada saudade sentida, cada emoção contida — tudo estava ali, naquele olhar.

— Eu… senti sua falta — disse Regina, baixinho, mas com firmeza.

— Eu também… — respondeu Manuela, a voz trêmula.

O reencontro foi tímido, mas cheio de intensidade. Caminharam juntas pelo parque próximo, conversando sobre os meses que passaram, relembrando o primeiro dia no CTA, os olhares, os gestos, a química que sempre existira entre elas. Riam, choravam, compartilhavam tudo que guardavam dentro de si.

Em um momento, Regina segurou a mão de Manuela com firmeza, mas delicadeza. Um toque simples, mas carregado de significados. Era promessa, era cuidado, era amor. Manuela sentiu o calor percorrer todo o corpo e, pela primeira vez, permitiu-se relaxar completamente, confiando naquele sentimento que cresceu apesar da distância.

— Às vezes, a vida nos dá pausas… — disse Regina, olhando nos olhos de Manuela. — Mas o que é verdadeiro sempre volta.

Manuela sorriu, sentindo as lágrimas escorrerem suavemente.

— E eu estava esperando esse momento.

As duas caminharam juntas, mãos entrelaçadas, deixando o passado e as inseguranças para trás. A cidade ao redor parecia menor, menos barulhenta, enquanto seus corações batiam em sintonia. O que começou como um encontro casual no CTA transformou-se em algo mais profundo, um amor inesperado, intenso e verdadeiro.

E naquele dia, sob o sol quente da tarde, Manuela e Regina perceberam que os encontros do destino são como sementes: mesmo quando o tempo parece adverso, se cuidamos delas com paciência e esperança, florescem nos momentos certos, tornando a vida mais bela, intensa e cheia de emoção.

✨ Fim ✨

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